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Suplementos para controlar sintomas da menopausa – Revisão

Fev 10, 2025

Menopausa suplementos e plantas revisão

As manifestações clínicas da menopausa podem incluir ondas de calor, sudorese noturna, distúrbios do sono e síndrome geniturinária da menopausa (sinais e sintomas decorrentes da deficiência de estrogénio, como atrofia vulvovaginal). Devido aos possíveis efeitos colaterais da terapia hormonal, os suplementos fitoterápicos e ingredientes herbais despertam o interesse, quer das pacientes, quer dos profissionais de saúde, para o tratamento e gestão dos sintomas e complicações da menopausa.

Objetivo: O objetivo deste estudo foi investigar os mecanismos e efeitos das plantas medicinais tradicionalmente utilizadas no tratamento dos sintomas da menopausa.

Método: Foi realizado um estudo de revisão de artigos iranianos e internacionais publicados entre 1994 e 2016, com ênfase sobre as plantas utilizadas no tratamento e gestão dos sintomas agudos da menopausa e os seus mecanismos de ação. As palavras-chave, que incluem menopausa, climatério, afrontamentos, ondas de calor, plantas e fitoestrógenos foram utilizadas para pesquisar medicamentos fitoterápicos usados ​​em ensaios clínicos para o tratamento dos sintomas da menopausa, tendo sido consultados os bancos de dados PubMed, Medline, Scopus, Google Scholar, SID e Magiran, Foram seleccionados os resumos de artigos que pareciam estar relacionados ao tema da investigação ou no qual o que o mecanismo de ação do fitoterápico foi claramente definido (em estudos clínicos ou em estudos com base em modelos animais). Os ensaios clínicos que foram selecionados seguem o padrão CONSORT com relevância direta para plantas medicinais, assim como os aspectos físicos e psicológicos relacionados com os sintomas da menopausa. Estudos de culturas celulares foram excluídos deste estudo.

Resultados: Os resultados do estudo demonstraram que as plantas medicinais como a Sálvia (Salvia officinalis), Erva-cidreira (Melissa officinalis), Valeriana ( Valeriana officinalis), Cimifuga (Cimicifuga racemosa), Feno-grego (Trigonella foenum-graecum), Cominho preto (Nigella sativa), Agno-casto (Vitex agnus-castus), Funcho (Foeniculum vulgare), Prímula (Oenothera biennis), Ginkgo biloba, Alfafa (Medicago sativa), Hipericão (Hypericum perforatum), Panax ginseng, Anis (Pimpinella anisum), Alcaçuz (Glycyrrhiza glabra), Passiflora (Passiflora incarnata), Trevo vermelho (Trifolium pratense) e Soja (Glycine soya) foram eficazes no tratamento da síndrome da menopausa aguda, embora com mecanismos diferentes. Destacamos algumas destas plantas de seguida:

Sálvia (Salvia officinalis)
Esta planta tem um mecanismo de ação de ligação a receptores complexos GABA/benzodiazepínicos no cérebro e atua no tratamento de afrontamentos e suores devido aos seus efeitos estrogénicos. Além disso, devido ao seu impacto positivo no sistema nervoso, é eficaz na melhoria da memória e como tranquilizante. Os seus benefícios no tratamento de transpiração excessiva foram aprovados pela Comissão E. Não há relatórios sobre efeitos colaterais perigosos induzidos por doses terapêuticas desta planta. O seu uso excessivo provoca sensação de calor, tonturas, taquicardia e convulsões semelhantes à epilepsia. Sugere-se precaução quando administrada em simultâneo com medicamentos antidiabéticos e hipotensores.

Erva-cidreira (Melissa officinalis)
Esta planta é geralmente recomendada para tratar distúrbios do sistema nervoso e problemas de sono, especialmente na menopausa. Não há relato de efeitos colaterais graves induzidos pela ingestão de doses terapêuticas desta planta.

Valeriana (Valeriana officinalis)
Aumento de GABA na fenda sináptica devido à inibição de sua recaptação, aumento na secreção de neurotransmissores, e uma quantidade considerável de glutamina no extrato da planta são provavelmente responsáveis ​​pela efeitos sedativos das suas raízes.  É também recomendada para tratar afrontamentos na menopausa. Não há relato de efeitos colaterais graves induzidos pela ingestão de doses terapêuticas desta planta.

Cimifuga (Cimicifuga racemosa)
Esta planta tem sido utilizada para tratar afrontamentos e outros sintomas da menopausa há muitos anos; no entanto não exerce um efeito permanente nos receptores de estrogénio. Os glicosídeos terpenicos presentes nas raízes ligam-se ao receptor de estrogénio e suprimem seletivamente a secreção de LH sem qualquer efeito sobre o FSH. Não há relato de efeitos colaterais graves induzidos pela ingestão de doses terapêuticas desta planta. Alguns dos efeitos colaterais que podem resultar do consumo / sobredosagem com esta planta incluem inflamação da mucosa do estômago e intestinos, náuseas e vómitos.

Feno-grego (Trigonella foenum-graecum)
Esta planta contém mucilagens, proteínas e saponinas esteroides. A sua ação hipolipemiante, devido à presença de saponinas na planta, foi comprovada. Vários estudos mostraram os efeitos desta planta no tratamento dos sintomas da menopausa, particular-mente afrontamentos e síndrome metabólica. Não há relato de efeitos colaterais graves induzidos pela ingestão de doses terapêuticas desta planta.

Cominho preto (Nigella sativa)
Foi demonstrado que esta planta é eficaz no tratamento da síndrome metabólica em mulheres na pós menopausa, ao regular os níveis de açúcar e de gordura no sangue.

Agno-casto (Vitex agnus-castus)
O mecanismo de ação da planta estará, provavelmente, no eixo hipotálamo-hipófise. Embora alguns estudos tenham mostrado o efeito da planta no aumento da secreção de LH e da quantidade de progesterona, outros estudos relataram que esta planta não tem efeito sobre LH e FSH.  A sua ação sobre a prolactina depende da quantidade de planta utilizada. Alguns dos efeitos colaterais que podem resultar do consumo / sobredosagem com esta planta incluem náuseas, vômitos, boca seca, dor de cabeça, tonturas, sonolência, confusão e ansiedade.

Funcho (Foeniculum vulgare)
Esta planta tem efeitos antiandrogénicos e antiinflamatórios devido à presença de ácido palmítico e beta-sitosterol. A sua ação  terapêutica em afrontamentos e atrofia vaginal na pós menopausa mereceu particular destaque. Não há relato de efeitos colaterais graves induzidos pela ingestão de doses terapêuticas desta planta.

Alfafa (Medicago sativa)
Hipercolesterolemia, hiperglicemia e sintomas da menopausa (afrontamentos, baixa densidade óssea) são algumas das indicações desta planta. Acredita-se que alguns dos benefícios sobre o metabolismo dos lipídos e da glicose ocorrem por meio de mecanismos que envolvem a ação hormonal. A Alfafa pertence a um género de plantas da família das leguminosas cujas espécies são ricas em fitoesterois e fitoestrógenos, representados por moléculas semelhantes a esteroides que ocorrem naturalmente, como isoflavonas (genisteína, daidzeína) e cumestanos (coumestrol), os quais demonstraram exercer uma ação moduladora de estrogénio.  Aqueles fitoesterois e fitoestrógenos, juntamente com o cálcio e as vitamina K, D2 e ​​D e outros nutrientes e constituintes que a planta contém naturalmente, podem apoiar a manutenção da densidade óssea e ajudar a aliviar os sintomas da menopausa, em parte devido à sua atividade fitoestrogénica. Foi demonstrado em alguns estudos com base em modelos animais, randomizados, duplo-cegos e controlados por placebo,  que a genisteína estimula a formação óssea, inibe a reabsorção e previne a perda óssea, sendo eficaz na prevenção da perda óssea em mulheres na pós menopausa. 

Hipericão (Hypericum perforatum)
Ensaios clínicos demonstraram o efeito do extrato da planta no tratamento da depressão e ansiedade, leves a moderadas, e a sua eficácia na libido, secura vaginal, problemas do trato urinário e complicações psicológicas associadas à menopausa. Alguns dos efeitos colaterais que podem resultar do consumo / sobredosagem com esta planta incluem desconforto gastrointestinal, sensibilidade à luz, inquietação e fadiga.

Passiflora (Passiflora incarnata)
Contém flavonoides e exerce uma ação fito-progestrogénica, ansiolítica e anti-insónia. A sua eficácia em quadros de sintomas neurológicos e afrontamentos associados à menopausa está documentada em alguns estudos. Não há relato de efeitos colaterais graves induzidos pela ingestão de doses terapêuticas desta planta.

Trevo vermelho (Trifolium pratense)
Contém flavonoides e tem ação fitoestrogénica. Foi demonstrado que a ingestão oral de suplementos contendo isoflavonas desta planta é eficaz na redução da frequência e gravidade dos afrontamentos. Porém, o uso concomitante desta planta com medicamentos hormonais deve ser evitado, devido à interação medicamentosa. Não há relato de efeitos colaterais graves induzidos pela ingestão de doses terapêuticas desta planta.

Conclusão: As plantas medicinais podem desempenhar um papel fundamental no tratamento da síndrome menopáusica aguda;
no entanto, recomenda-se a realização de mais estudos e ensaios clínicos num futuro próximo, para avaliar a utilização destas plantas medicinais como um tratamento de primeira linha ou alternativo para a síndrome da menopausa aguda.


Kargozar R. et al., A review of effective herbal medicines in controlling menopausal symptoms, PUBMED, Electronic Physician, November 2017, Volume: 9, Issue: 11, Pages: 5826-5833 DOI: http://dx.doi.org/10.19082/5826

 

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