Evidência e Aplicações Clínicas do Chá Verde e da Hortelã-Pimenta

Jun 11, 2025

O uso clínico de infusões à base de plantas é uma prática com fundamentos empíricos antigos, agora apoiada por literatura científica robusta. No contexto estival, onde predominam desequilíbrios hidroeletrolíticos, digestivos e térmicos, o consumo de infusões de hortelã-pimenta (Mentha piperita) e chá verde (Camellia sinensis) pode oferecer benefícios fisiológicos relevantes. A integração destas infusões nas recomendações clínicas justifica-se por quatro vantagens principais:

  1. Regulação térmica e conforto digestivo
    A hortelã-pimenta contém mentol, um composto com ação refrescante e espasmolítica, que promove a sensação de frescura e reduz sintomas de dispepsia funcional e síndrome do intestino irritável (Madisch et al., 2022). No Verão, o seu uso pode ser particularmente útil em pacientes com digestão lenta, flatulência ou náuseas associadas ao calor.
  2. Apoio à função metabólica e à homeostase da glicemia
    Os polifenóis do chá verde, em particular as catequinas (EGCG), têm demonstrado efeitos hipoglicemiantes, antiobesogénicos e hipolipemiantes, atuando na regulação do metabolismo da glicose e na redução da inflamação sistémica de baixo grau (CABI, 2017; Walsh Medical Media, 2022). A sua inclusão pode ser indicada em planos para doentes com resistência à insulina, pré-diabetes ou síndromes metabólicos.
  3. Neuroproteção e suporte à cognição
    Tanto a hortelã-pimenta como o chá verde apresentam efeitos positivos sobre a função cognitiva. A hortelã-pimenta demonstrou melhorar o estado de alerta, reduzir a fadiga mental e favorecer a memória de curto prazo (Silva et al., 2023). Já o chá verde, pelas suas propriedades antioxidantes e antiinflamatórias, está associado a uma redução do declínio neurocognitivo, com potencial aplicação preventiva em populações de risco.
  4. Imunomodulação e ação antioxidante
    As catequinas do chá verde e os óleos essenciais da hortelã-pimenta demonstram efeitos imunomoduladores, anti-inflamatórios e antioxidantes. Estas propriedades tornam as infusões úteis como suporte à imunidade, especialmente em períodos de maior stress oxidativo induzido por exposição solar, má alimentação e alterações do sono frequentes no Verão.

A inclusão destas infusões em regimes personalizados representa uma abordagem de baixo custo, elevada aceitação e evidência crescente, sendo particularmente eficaz quando combinada com educação alimentar e estratégias de autocuidado. 


Referências Bibliográficas

Ali, R., Farzana, A., & Qadir, G. (2020). Antioxidant and mucosal effects of garden cress (Lepidium sativum) in rats. Pakistan Journal of Pharmaceutical Sciences, 33(6), 2999–3004.

CABI Digital Library. (2017). Green tea and its polyphenols: Nutraceutical value and impact on health. In: Goyal, M. R., & Bharti, V. K. (Eds.), Functional Foods and Nutraceuticals in Metabolic and Non-communicable Diseases (pp. 230–245). CABI. https://www.cabidigitallibrary.org/doi/abs/10.1079/9781786392398.0230

Madisch, A., Melderis, H., Mayr, G., Siedentopf, G., & Diener, M. (2022). Peppermint oil in gastrointestinal disorders: Clinical evidence and mechanisms of action. PharmAdvances, 2(1), 5–11. https://www.pharmadvances.com/wp-content/uploads/2022/04/Madisch_PhAdv-2-1.pdf

Silva, M. R., Lopes, S., Fernandes, M. M., & Ferreira, C. (2023). Hortelã-pimenta: propriedades funcionais e aplicações terapêuticas. Acta Portuguesa de Nutrição, 31, 96–101. https://actaportuguesadenutricao.pt/wp-content/uploads/2023/06/10_AR.pdf

Walsh Medical Media. (2022). Nutraceutical properties of the green tea polyphenols. Journal of Nutritional Disorders & Therapy, 12(1), 390. https://www.walshmedicalmedia.com/open-access/nutraceutical-properties-of-the-green-tea-polyphenols-2157-7110.1000390.pdf

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