Os taninos
Os taninos são polifenóis enriquecidos que podem ser encontrados no tronco, casca, raízes, folhas, sementes e frutos de diversas plantas. Nas últimas duas décadas, tem havido um interesse crescente em compreender as funções biológicas dos taninos e as suas aplicações como antioxidantes, medicamentos anticancerígenos e aditivos alimentares. Desde o surto da COVID-19, tem vindo a canalizada muita investigação para a procura de soluções mais rápidas e que atuem na prevenção e tratamento dos problemas de saúde gerados pelo SARS-COV-2- estando a utilização dos taninos a ser avaliada.
Tendo começado no início de 2020, a pandemia de coronavírus COVID-19 durou mais de dois anos, tendo provocado cerca de 507 milhões de casos de infeção e mais de 6,2 milhões de mortes (dados de Abril de 2022; Global Change Data Lab). Com uma rapidez inédita, foram introduzidas várias vacinas anti-COVID-19, registando-se a estreia da tecnologia mRNA.
No entanto, embora a vacinação tenha reduzido significativamente a extensão e duração dos sintomas, a eficácia da imunidade antiviral diminui rapidamente e as infeções oportunistas continuam a ocorrer, mesmo em pessoas totalmente vacinadas. A coexistência com o vírus será a solução mais realista pelo que, no mundo pós-pandemia, regimes que incluam pequenas moléculas anti-SARSCoV-2 são altamente desejáveis.
Intuitivamente, os produtos naturais são as fontes promissoras de tais moléculas. Um longo histórico e também estudos mais recentes demonstraram a ação dos taninos (derivados de numerosos frutos) na supressão da infeção viral.
As duas principais fronteiras no combate à COVID-19 são infeção e propagação do coronavírus SARS-CoV-2 e a possível reação extrema do o sistema imunitário em resposta à intrusão de agentes patogénicos. Ao longo o curso da COVID-19, a maior parte dos esforços de investigação foram sendo canalizados para a prevenção de infeções virais ou erradicação do vírus e foi dada menos atenção ao desenvolvimento de métodos para lidar com a resposta inflamatória, a temida “tempestade de citocinas”.
Com o apoio do software de Ambiente de Operação Molecular (MOE 09), foi possível demonstrar que os taninos hidrolisáveis, como a pedunculagina, a tercatina e a e castalina, são potenciais inibidores do SARS-CoV-2. Esses compostos naturais terão a capacidade de se ligar aos resíduos da díade catalítica de Mpro/3CLpro e inibir a atividade enzimática; vale a pena referir que a administração oral de isómeros altamente purificados de ácido tânico exercem atividade anti-COVID-19 contra as variantes omicron e delta. Adicionalmente, um sistema de filtro de detenção altamente eficaz de partículas (HEPA) revestido com ácido tânico, apresentou uma capacidade rápida e altamente eficaz para ‘capturar’ o vírus influenza A, revelando uma nova aplicação de ácido tânico para limitar a propagação do vírus.
Dada a potência dos taninos em reduzir a infeção por SARS-CoV-2 in vitro, vale a pena explorar compostos derivados de taninos modificados para o desenvolvimento de medicamentos anti-COVID-19.
Shao-Chun Wang, I-Wen Chou, Mien-Chie Hung, Natural tannins as anti-SARS-CoV-2 compounds, Int. J. Biol. Sci. 2022, Vol. 18
Nota importante: A informação que levamos até si é elaborada com o maior cuidado e rigor. No entanto, com a mesma não se pretende diagnosticar, tratar, curar ou prevenir qualquer doença e a mesma não substitui a avaliação e diagnóstico efetuados por um Profissional de Saúde.