Alho (Allium sativum L.)

Nov 7, 2025

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Nomes comuns Garlic (ENG), Alho (PT), Lahasun (Hindi)
Sânscrito Lasuna, Rasona
Nome botânico  Allium sativum Linn. (Liliaceae)
Parte utilizada Bolbo

Etimologia O termo ‘Allium’ vem de allium / alium, alho, mencionado por Plauto, Plínio e outros; o Dicionário Webster, remetendo para o continente asiático, propõe uma possível conexão com a planta designada em sânscrito por āluka, a raiz comestível de Amorphophallus campanulatus; para A. Gentil, derivaria do celta ‘quente’, ‘ardente’, devido ao sabor característico. O epíteto específico ‘sativum’ deriva de satum (particípio passado de sero semear, plantar) semeado, plantado: isto é, semeado ou plantado, cultivado, domesticado.

Distribuição geográfica e habitat – As regiões de origem desta espécie encontram-se nas zonas temperadas do hemisfério norte, terá sido cultivada em larga escala, sobretudo no sudoeste da Sibéria. No entanto, espalhou-se rapidamente pela bacia do Mediterrâneo, sendo uma planta conhecida desde a Antiguidade, utilizada já pelos egípcios no III milénio a.C. e, posteriormente, pelos gregos, romanos, chineses e indianos. Atualmente, é cultivada em todos os continentes.

É uma espécie herbácea bulbosa perene que atinge até um metro de altura; na fase adulta, possui de 40 a 60 raízes cordiformes e superficiais, que cobrem os primeiros 30 centímetros do solo. As folhas são basais, amplexicaule, que, ao contrário das da cebola, não servem, posteriormente, como órgãos de reserva. A folha externa envolve a anterior por cerca de 10 centímetros, valor que aumenta em direção ao interior.

Utilização – Hoje, o alho é usado como condimento, mas também para fins terapêuticos, devido às propriedades que lhe são atribuídas tanto pela ciência quanto pela tradição popular; os usos do alho macerado como inseticida também são interessantes.

As propriedades do alho parecem já ter sido reconhecidas pelo egípcio Hermes Trismegisto, considerado o pai de todas as ciências e autor da Tábua Esmeralda. Os faraós alimentavam os trabalhadores designados para a construção das Pirâmides com alho em abundância, a fim de prevenir doenças e infeções intestinais, mas também para lhes conferir maior resistência física.

O alho era um alimento básico para os judeus, que eram proibidos de consumi-lo antes do meio-dia. Os textos bíblicos relatam que foi uma das privações mais sentidas pelo povo escolhido durante a travessia do deserto.

O cultivo do alho, a partir de sua área de origem, espalhou-se, como mencionado, muito rapidamente pela bacia do Mediterrâneo. Os gregos utilizavam-no tanto para fins terapêuticos quanto alimentares. Era consumido pontualmente pelos soldados pouco antes do início da batalha, e esse uso peculiar pode ser explicado pela crença generalizada de que o alho era visto como um “concentrado” de poder e energia que tinha o efeito de aquecer as almas e despertar os sentidos.

Mas o alho era uma planta particularmente importante também para os romanos, que o consideravam sagrado para Ceres (deusa da fertilidade); eles consumiam-no em abundância em banquetes, e Plínio o recomendava como estimulante sexual “… moído junto com coentro fresco e ingerido em vinho puro”.

Cientificamente, as principais propriedades terapêuticas do alho foram definidas por Pasteur em 1858: antibiótica, antisséptica, balsâmica e anti-hipertensiva. No entanto, essa verdadeira panaceia tem uma desvantagem: o odor desagradável que deixa em quem a consome. O cheiro característico do alho deve-se a numerosos compostos orgânicos de enxofre, incluindo a aliina e seus derivados, como a alicina e o dissulfeto de dialila.

O óleo essencial de alho contém: bissulfeto de alila e alipropilalicina (substância com ação antibiótica), garlicina (com ação antibiótica), aliina (glicosídeo), vitaminas A, B e C, açúcares, fitosteróis, lipídios e mucilagens. O óleo essencial é eliminado principalmente pelo sistema respiratório, exercendo atividade antisséptica e balsâmica.

Um estudo realizado pela Universidade de Liverpool revelou que um suplemento diário de extrato de alho pode reduzir o risco de ataques cardíacos e, embora seja de origem popular que o alho reduza a pressão arterial de quem sofre de hipertensão, um estudo de 2012 da Universidade da Colúmbia Britânica revelou que a ingestão de grandes doses de alho (200 gramas 3 vezes ao dia) pode reduzir ligeiramente a pressão arterial.


Utilização tradicional em Ayurveda– O uso do alho na Índia remonta a mais de 3000 anos, como evidenciado pelos tratados Charaka Samhita (CS) e Sushruta Samhita (SS). Em ambos os textos, o “alho” é conhecido pelo nome de Lasuna e também pelo seu sinónimo Rasona. A etimologia da palavra Lasuna significa ‘destruidor de doenças’. Os benefícios do Alho para a saúde são mencionados nos tratados antigos, CS e SS, com base nas suas propriedades: Snigdha (untuoso), usna (quente), katu (picante), guru (pesado); e snigdha (untuoso), usna (quente), tikshna (afiado), katu (picante), picchila (viscoso), guru (pesado), sara (laxante) e svadurasa (doce), respectivamente. De entre elas, devido às suas propriedades untuosas e viscosas, exerce uma ação vrisya (promoção do 7º Dhatu – sukra), responsável pela formação de espermatozoides de qualidade e, consequentemente, ojas (essência vital), resultando no fortalecimento da imunidade e da capacidade para combater doenças. Estas propriedades são potencializadas se consumido com leite e/ou manteiga ou manteiga clarificada, apresentando, portanto, benefícios para a saúde em geral.

De acordo com a evidência construída ao longo do tempo, os diversos usos do alho (Allium sativum L.) como alimento e também como substância medicinal estão bem estabelecidos na Medicina Tradicional Indiana, reconhecida como uma das Medicinas Tradicionais do Mundo pela Organização Mundial da Saúde. A tradição continua desde então e foi documentada por sucessivas gerações em diferentes períodos, e ainda prevalece na Índia atual. Para a saúde, é recomendado tradicionalmente como fortalecedor, afrodisíaco, promotor do intelecto, galactagogo, para a visão e tez, benéfico para os cabelos, etc. Para o alívio de patologias, é prescrito tradicionalmente em doenças cardíacas, febre crónica e intermitente, cólicas abdominais, hemorroidas, distúrbios de pele, infestação por vermes, diminuição da visão, pterígio, dificuldade respiratória, tuberculose e epilepsia, entre outras.

Rasa (sabor): picante
Virya (energia): quente
Vipaka (efeito pós-digestivo): picante
Doshas: Pacifica Vata, Rasayana


Nota importante:  A informação que levamos até si é elaborada com o maior cuidado e rigor. No entanto, com a mesma não se pretende diagnosticar, tratar, curar ou prevenir qualquer doença e não substitui a avaliação e diagnóstico efetuados por um Profissional de Saúde.

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